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Marx e Engels… Notas Introdutórias Para Além D’O Capital.

Organizadoras(res):

Janaynna de Moura Ferraz;

Deise Luiza da Silva Ferraz.


Apresentação: O título Marx e Engels… notas introdutórias para além d’O capital quer dizer exatamente o que diz: neste livro encontramos textos que procuram apresentar e refletir sobre algumas obras da dupla de pensadores, intelectuais e cientistas mais perseguida da história recente, mas entre elas não se encontra a obra O capital; pois objetivamos discutir e divulgar as ideias desses dois pensadores que se colocaram em luta não apenas contra as relações sociais exploratórias, mas também contra relações sociais de opressão. Aqueles e aquelas que buscam compreender o pensamento dos autores pelos escritos dos próprios autores percebem que a luta é por uma revolução, uma alteração qualitativa nas relações sociais, e a produção de condições materiais concretas para o autodesenvolvimento humano – afinal, o desenvolvimento pleno das capacidades individuais somente pode se efetivar em uma sociedade realmente emancipada. Essas Notas introdutórias são produto da experiência da compreensão do pensamento dos autores pelos autores efetivada em um projeto de extensão intitulado Ciclo de Debates Relendo os Clássicos, que o Núcleo de Estudos Críticos Trabalho e Marxologia (Nec-TraMa) realizou ao longo do ano de 2016. Nesse Ciclo, estudiosos e estudiosas das obras desses dois grandes intelectuais comunistas debateram alguns escritos com mais de oitenta extensionistas. Muitos deles e muitas delas estavam lendo os textos de Marx e Engels pela primeira vez, atendendo ao objetivo do projeto: criar espaço para a disseminação dos diversos escritos dos autores. Tínhamos esse objetivo porque entendemos que necessitamos estudar as contribuições de Marx e Engels para além do que está exposto no Manifesto comunista ou n’O capital. Há muito mais para se apreender com Marx e Engels! Para compreender as categorias apresentadas n’O capital, cujo rigor científico lhe dá força política, e a força política das explanações históricas das relações de exploração do capital presente no Manifesto, é importante perfazer o trajeto do movimento que Marx e Engels fizeram para que as relações sociais concretas fossem apreendidas pelo pensamento, para que o real fosse transposto para o pensamento, para que o conhecimento seja o que ele é: expressão ideal das relações sociais. Frisamos aqui a primazia do real sobre a ideia, pois não há como produzir conhecimento comprometido com as necessárias transformações da sociabilidade humana sem que o pensamento supere a superfície das relações que produzem a condição de miserabilidade em que nos autoproduzimos sob os desígnios da valorização do capital. Apreendemos idealmente nossa existência, ainda que de forma imediata e parcelar, para cotidianamente efetivá-la. Eis uma das razões pelas quais nos parece que a ideia tem a primazia sobre a materialidade da vida, mas se formos à raiz da questão, a materialidade se impõe colocando o pensar como momento necessário, mas que não basta por si. Na generidade humana, portanto, o existir é também pensar, mas pensar não é, por si só, condição suficiente do existir, como querem alguns. A existência humana não é, por sua vez, como costuma-se dizer, um simples e complexo estar no mundo. Posto que os seres humanos não são algo apartado de um mundo e nele, inseridos. De fato, poderíamos simplificar afirmando que os seres humanos são o mundo dos seres humanos. Não há a boa e velha cisão entre sociedade, por um lado, e indivíduo, por outro, ambos inquietos tentando descobrir quem é criador e quem é criatura. Na perspectiva marxiana, a categoria sociedade expressa as relações sociais entre indivíduos. A existência humana é o efetivar das relações entre humanos no processo de sua autoprodução (nenhuma expressão de uma vontade divina, portanto), da qual a existência da relação humanidade-natureza é prioridade ontológica, embora nem sempre seja momento preponderante da reprodução social. Apreender os múltiplos determinantes que constituem as relações sociais em sua concretude, superando a aparência e agarrando sua essência, é o que movia Marx e Engels. E as relações sociais que se colocavam a eles em sua total concretude eram as relações sociais do modo de produção capitalista, modo que segue seu desenvolvimento e que há de ser superado. Mas tal apreensão não se deu de pronto aos autores, foi resultado de um processo que teve início de forma separada, que ocorreu de forma distinta para ambos e foi registrada em diferentes escritos solos e compartilhados. São sobre alguns desses escritos que este livro versa na forma de notas introdutórias, porém, já adiantamos, elas não substituem, nem pretendem substituir, de modo algum, os originais. Pelo contrário! O livro objetiva compartilhar com leitores e leitoras principiantes as compreensões produzidas a partir da primeira leitura dos textos de Marx e Engels realizadas pelos extensionistas do Ciclo sob a orientação dos estudiosos e estudiosas que nos privilegiaram com suas palestras. E, por falar neles e nelas, aproveitamos essa apresentação para agradecer! Somos gratos a Leonardo de Deus, a Sabina Maura Silva e a Antônio José Lopes Alves por estarem conosco discutindo, respectivamente, os textos A crítica da filosofia do direito de Hegel, Sobre a questão judaica e Para uma crítica da economia política. Agradecemos também por terem lido e contribuído com os textos dos extensionistas que compõem esta obra. Agradeço a Mônica Hallak Martins da Costa, a Vitor Sartori, a Ronaldo Vielmi Fortes e a Elcemir Paço Cunha por debaterem conosco as obras da dupla e por cederem o material produzido para a palestra ao Nec-TraMa, razão pela qual a contribuição de cada um deles fica registrada neste livro nos capítulos quatro, seis, nove, onze e treze. Além disso, agradecemos por terem colaborado com a revisão dos textos produzidos pelos extensionistas e que completam o livro. Destacamos, porém, que embora todos os palestrantes e todas as palestrantes tenham sido pareceristas dos textos aqui apresentados, eles e elas não são responsáveis pelo seu conteúdo, assim como também não o são as organizadoras desta coletânea. Agradecemos, é claro, a todos e a todas que participaram do projeto de extensão, sobretudo àqueles e àquelas que se tornaram autores e autoras, contribuindo não apenas com as inquietações e indagações advindas da primeira leitura de cada obra, mas também com o registro das reflexões que é um dos primeiros passos para essa aventura que é o estudo do pensamento de Marx e Engels. Aventura que por vezes adentramos pela simples fome de conhecimento ou pela mera curiosidade sobre o que disseram aqueles que foram e continuam sendo perseguidos e banidos das classes escolares e universitárias; mas essa aventura resulta em regozijo ao aprendermos, sobre os ombros desses dois gigantes, o nosso lugar e a nossa tarefa na luta de classes, na necessária luta pela emancipação humana. Passados três anos do que para alguns e algumas foi o início dessa aventura, e para outros e para outras apenas mais uma etapa, há pesar em reconhecer que urge avançarmos na constituição da consciência sobre a necessidade real de superar as relações de exploração e opressão, urge produzirmos práticas revolucionárias. Afinal, há mais de duzentos anos Marx e Engels já nos diziam que reformas interessam apenas aos donos do capital.


REFERÊNCIA: Ferraz, Deise Luiza da Silva.; Ferraz, Janaynna de Moura. Marx e Engels... Notas introdutórias para além d’O capital. Florianópolis : Editoria Em Debate/UFSC, 2019. 280 p.



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